Avanço da pandemia entre jovens gera mobilização por cumprimento de medidas
Desde o início da pandemia, em março do ano passado, a faixa etária predominante entre os casos confirmados sempre foi a de idosos acima dos 60 anos. Hoje, um ano depois, a tendência ainda se mantém, mas um alerta importante vem da área médica: proporcionalmente o crescimento dos casos de Covid-19 entre os jovens passou a ter maior relevância, por força principalmente do desafio às restrições necessárias para impedir o avanço do contágio. Aglomerações e a rejeição ao uso obrigatório de máscaras em recintos coletivos ou em ambientes públicos estariam entre as violações mais frequentes cometidas por indivíduos dessa faixa etária e objeto principal da fiscalização.
O reflexo de tais ações – que vem merecendo contínua atenção por parte da força tarefa encarregada de fiscalizar o cumprimento do decreto que entrou em vigor na sexta-feira (09/04) – já é percebido no principal centro de atendimento à pacientes com Covid-19 em Maricá, o Hospital Municipal Dr. Ernesto Che Guevara.
A unidade, em São José do Imbassaí, concentra a maior parte dos mais de 140 leitos atualmente dedicados a vítimas da pandemia. Em fevereiro, cerca de 10% dos pacientes internados lá tinha menos de 45 anos, em março, essa porcentagem subiu para 18%, no dia 12 de abril estava em 14,5% e nesta quinta-feira (16/04) bateu 17,8%, o que indicaria um crescimento até o fim do mês. “Temos muitos jovens internados hoje no Hospital Dr. (Ernesto) Che Guevara”, afirma o prefeito Fabiano Horta.
“Neste momento, temos aqui no Che Guevara o padrão de pacientes mais jovens e com menos comorbidades. Em geral, eles respondem melhor ao processo inflamatório da Covid e não têm um risco de mortalidade tão alto quanto o de um paciente mais idoso. Pelo fato de seu sistema imunológico ter uma defesa melhor, significa que o tempo de internação desse contingente no hospital é muito maior”, frisa Michelle Silvares, diretora executiva do hospital.
O vírus vem sofrendo mutações, em especial no Brasil, o que desencadeou cepas mais virulentas – com maior potencial de contaminação –, o que inclui pacientes mais jovens e com evolução clínica mais rápida. O impacto ainda é regional, mas detectado pelas autoridades sanitárias. Em Maricá, a percepção de mudança de perfil acontece em outro ritmo quando este é comparado ao que se registra em capitais como São Paulo e Rio. “Mas temos de manter um foco constante nesse contingente, que nos preocupa”, analisa a secretária de Saúde, Simone Costa e Silva.
A preocupação com esse avanço já motivou ações específicas por parte da Prefeitura, no tocante ao respeito às normas. Equipes da Secretaria de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher – uma pasta com frequente interlocução com esse público – estão percorrendo locais frequentados por pessoas mais jovens com um trabalho principalmente de conscientização.
“Mais do que distribuir máscaras, essa ação é para preservar vidas. Isso a gente tem feito desde o primeiro momento, no ano passado, através do Comitê de Defesa dos Bairros (CDB) e vai continuar fazendo enquanto houver pandemia, para trazer essa clareza à população de que não existe um momento específico para se utilizar máscara. A pandemia ainda não acabou”, garante o secretário da pasta, João Carlos de Lima, o Birigu.