domingo, julho 7, 2024
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Canoa havaiana em Saquarema

A canoa virou uma paixão para as crianças Foto: Sheila Guimarães

‘É só aparecer e ser feliz”. É dessa forma que Wagner Catauro, um cidadão do mundo, que vive do mar, apesar da formação em História, convida os interessados em praticar canoa havaiana para suas “aulas” na Lagoa de Saquarema. Bem-humorado e cativante, ele faz a alegria de adultos e crianças. Segundo ele, chega a ter 40 crianças num sábado de sol e não tem limite de idade.

“Sigo a filosofia da canoa. Nela, todos são importantes, não importa a idade, cor, sexo,se é mais forte ou mais fraco. Dentro da canoa todos têm a mesma importância”, afirma.

Wagner conta que seu interesse pela canoa começou há mais de 40 anos, quando foi morar em Búzios. “Naquela época, Búzios era uma vila e os pescadores ainda usavam canoas de um tronco só. Ali eu tive contato com as canoas. Os anos foram passando e as canoas foram sumindo porque a gente tem esse negócio de perder a nossa cultura. Mas eu acabei ficando com a última canoa de Búzios, que era do Mineli e tinha virado jardineira. Era uma canoa centenária, eu restaurei e comecei a usar. De canoa em canoa, hoje temos seis canoas”, afirma.

Carinhosamente chamado de tio Waguinho pela garotada, o professor conquistou também a confiança dos pais. Rosa Gardner, mãe de Maiara e Gabriela, conta como foi a primeira experiência:

“Minhas filhas estão aqui há três anos e todo sábado elas acordam com a maior disposição para vir remar, faça sol, chuva, vento, estamos sempre aqui. No primeiro dia, quando chegamos aqui de colete, tio Waguinho disse logo para tirar, que elas iam aprender a nadar rapidinho e de fato isso aconteceu. Eu fico tranquila porque ele é muito responsável e está sempre atento”.

As duas filhas de Bruno Sommer também praticam canoa havaiana com Wagner. Segundo ele, o esporte ajuda em tudo. “Eu tenho duas filhas, uma de 10 e outra de 13 anos, as duas são apaixonadas por canoa, não podem faltar de jeito nenhum, não tem nenhum compromisso que faça adiar as aulas de canoa. Elas são loucas pelo Waguinho, que é muito mais do que um professor, porque ele ensina tudo, é aula de vida mesmo. Minha mais nova, por exemplo, tinha muito medo de tudo e hoje não tem medo de nada. Eu atribuo isso à canoa e ao Waguinho. Então, essa prática deu autoconfiança e ajudou muito”, afirma Bruno.

Com apenas 10 anos, Luiza se sente à vontade para falar de sua paixão pela canoa. “Eu remo há três anos, gosto muito da canoa e é um lugar que eu me divirto. Eu amo tio Waguinho, tenho minhas amigas e gosto muito desse lugar aqui. No início eu tive dificuldade para remar, depois eu comecei a fazer leme e não parava mais. Aí quando eu fui remar de novo eu encontrei mais dificuldade porque eu só sabia fazer leme. Agora eu faço os dois e gosto muito”, diz a menina.

Wagner não chama seu trabalho de projeto. “É uma ação verdadeira, real. Já estou aqui há onze anos, eu vinha sempre até que resolvi ficar. Há três anos eu trouxe minha canoa para cá, as crianças gostaram, começaram a me alugar e a gente começou a remar sem muita pretensão. De repente foi crescendo e hoje eu trabalho com 40 crianças de qualquer idade. O mais novo tem quatro anos e meio, entrou agora. Mas já tive um de um ano e meio. Sou historiador-pesquisador e trabalhei durante muitos anos com a multinacional, mas hoje eu sou um profissional liberal. Adoro o mar e vivo dele. Quem quiser participar é só chegar, não precisa inscrição, só a vontade de ser feliz”, conclui.