Carnaval 2025: segunda noite de desfiles exalta ancestralidade e mistério na Sapucaí

A segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro foi marcada pela forte presença da ancestralidade africana na Marquês de Sapucaí. Três das quatro escolas que se apresentaram – Unidos da Tijuca, Beija-Flor e Salgueiro – trouxeram enredos que exaltavam a cultura afro-brasileira, enquanto a Vila Isabel surpreendeu o público com um desfile repleto de figuras assombradas e elementos lúdicos.
Unidos da Tijuca abre a noite com a história de Logun-Edé
Primeira a entrar na avenida, a Unidos da Tijuca levou o enredo Logun-Edé – Santo Menino que o Velho Respeita, contando a história do orixá conhecido como príncipe dos orixás. O samba-enredo teve a cantora Anitta entre os compositores, embora ela não tenha comparecido ao desfile por compromissos profissionais.
A escola impressionou com um gigantesco carro abre-alas que simbolizava a gestação sagrada de Logun-Edé. O último carro trouxe uma representação do Morro do Borel, destacando a cultura periférica através do afro-funk e do grafite. Para a porta-bandeira Lucinha Nobre, o desfile foi uma “aula de ancestralidade e respeito”.
Beija-Flor celebra Laíla e a história do carnaval
A Beija-Flor de Nilópolis emocionou o público com o enredo Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas, homenageando o lendário diretor de carnaval Laíla, falecido em 2021. O desfile foi também a despedida do icônico cantor Neguinho da Beija-Flor, que se apresentou pela última vez após 50 anos como voz da escola.
Um dos momentos mais marcantes foi a reedição da icônica alegoria Cristo Proibido, de 1989, com a faixa “Do Orun olhai por nós”. A porta-bandeira Selminha Sorriso destacou a importância de Laíla na defesa de enredos afro-brasileiros na Sapucaí.
Salgueiro desfila de “corpo fechado”
O Salgueiro levou o enredo Salgueiro de Corpo Fechado, abordando a proteção espiritual e a influência dos povos mandingas da África. A comissão de frente simbolizava um ritual de “fechamento de corpo” antes da travessia da escola pela avenida.
Com um samba-enredo que viralizou, a escola apostou na energia do público e na técnica do desfile. Para reforçar o tema, componentes da ala Erveiras atravessaram a Sapucaí espalhando o cheiro de ervas defumadas, criando uma experiência sensorial para os espectadores.
Vila Isabel encerra com enredo assombrado
Dona do último desfile da noite, a Vila Isabel inovou com um enredo lúdico e aterrorizante: Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece. Criado pelo carnavalesco Paulo Barros, o desfile apresentou um cortejo de criaturas assustadoras, como fantasmas, lobisomens e vampiros, levando o público a uma jornada imaginária a bordo de um trem fantasma.
Com uma pegada teatral e cheia de efeitos especiais, a escola proporcionou um final de noite eletrizante, contrastando com a seriedade dos enredos anteriores.