quarta-feira, abril 2, 2025
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Escolas de samba destacam religiões de matriz africana no primeiro dia do Grupo Especial na Sapucaí

Estação Primeira de Mangueira desfila no primeiro dia de carnaval do grupo Especial na Marquês de Sapucaí, na região central do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil – Tomaz Silva/Agência Brasil

As escolas de samba que abriram o Grupo Especial no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, na noite de domingo (2) e na madrugada desta segunda-feira (3), apostaram em elementos cenográficos marcantes, como detalhes em neon, carros alegóricos com partes móveis, efeitos de água, fogo e fumaça. As religiões de matriz africana e afro-indígenas foram o centro das apresentações.

O retorno da Unidos de Padre Miguel A primeira escola a desfilar foi a Unidos de Padre Miguel, que voltou ao Grupo Especial após mais de 50 anos. Com o enredo Egbé Iyá Nassô, a vermelha e branca homenageou Iyá Nassô, uma das fundadoras do Candomblé da Barroquinha, na Bahia. O desfile teve como destaque o Boi Vermelho, em referência a Xangô, e a presença dos filhos do Terreiro Casa Branca do Engenho Velho, o mais antigo do país. “Foi um presente ancestral que recebemos”, disse a Iyálorisá Neuza Cruz ao fim da apresentação.

Imperatriz Leopoldinense desfila no primeiro dia de carnaval do grupo Especial na Marquês de Sapucaí – Foto Tomaz Silva/Agência Brasil

Imperatriz Leopoldinense e a cerimônia das águas de Oxalá A segunda escola a cruzar a avenida foi a Imperatriz Leopoldinense, campeã de 2023, com o enredo Ómi Tútú ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón. A narrativa trouxe a mitológica jornada de Oxalá ao reino de Xangô, destacando ensinamentos da cultura iorubá. “Acho que conseguimos mostrar o que é o Itã de Oxalá. Agora é esperar a Quarta-feira de Cinzas”, afirmou a presidente Cátia Drumond.

Viradouro exalta Malunguinho A atual campeã, Unidos do Viradouro, apresentou Malunguinho: o Mensageiro de Três Mundos, enredo que homenageia o líder quilombola do Catucá, em Pernambuco. O desfile utilizou efeitos especiais e contou com a presença de Jorge Arruda, coordenador da rede Jurema de Pernambuco. “Ver Malunguinho na Sapucaí é grandioso. Nossa luta de 25 anos está sendo coroada”, celebrou.

 

Mangueira e a cultura bantu Encerrando a primeira noite de desfiles, a Estção Primeira de Mangueira levou à avenida o enredo À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões, exaltando a influência bantu na cultura brasileira. O desfile abordou desde a travessia atlântica até as manifestações culturais atuais, como o passinho, o samba e o funk. “Esse enredo traz nossa história e vivência”, destacou a passista Janaína Marques.

Avaliação e próximos desfiles Todas as escolas cumpriram o tempo máximo de 80 minutos, com a Mangueira finalizando em 79 minutos. O novo modelo de desfiles com quatro escolas por noite permitiu mais espaço para as apresentações. O resultado será divulgado na quarta-feira (5), quando a campeã será conhecida.

Nesta segunda-feira (3), desfilam Unidos da Tijuca, Beija-Flor de Nilópolis, Acadêmicos do Salgueiro e Unidos de Vila Isabel. Na terça-feira (4), é a vez de Mocidade Independente de Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Grande Rio e Portela.