Escolas de samba destacam religiões de matriz africana no primeiro dia do Grupo Especial na Sapucaí

As escolas de samba que abriram o Grupo Especial no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, na noite de domingo (2) e na madrugada desta segunda-feira (3), apostaram em elementos cenográficos marcantes, como detalhes em neon, carros alegóricos com partes móveis, efeitos de água, fogo e fumaça. As religiões de matriz africana e afro-indígenas foram o centro das apresentações.
O retorno da Unidos de Padre Miguel A primeira escola a desfilar foi a Unidos de Padre Miguel, que voltou ao Grupo Especial após mais de 50 anos. Com o enredo Egbé Iyá Nassô, a vermelha e branca homenageou Iyá Nassô, uma das fundadoras do Candomblé da Barroquinha, na Bahia. O desfile teve como destaque o Boi Vermelho, em referência a Xangô, e a presença dos filhos do Terreiro Casa Branca do Engenho Velho, o mais antigo do país. “Foi um presente ancestral que recebemos”, disse a Iyálorisá Neuza Cruz ao fim da apresentação.

Imperatriz Leopoldinense e a cerimônia das águas de Oxalá A segunda escola a cruzar a avenida foi a Imperatriz Leopoldinense, campeã de 2023, com o enredo Ómi Tútú ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón. A narrativa trouxe a mitológica jornada de Oxalá ao reino de Xangô, destacando ensinamentos da cultura iorubá. “Acho que conseguimos mostrar o que é o Itã de Oxalá. Agora é esperar a Quarta-feira de Cinzas”, afirmou a presidente Cátia Drumond.
Viradouro exalta Malunguinho A atual campeã, Unidos do Viradouro, apresentou Malunguinho: o Mensageiro de Três Mundos, enredo que homenageia o líder quilombola do Catucá, em Pernambuco. O desfile utilizou efeitos especiais e contou com a presença de Jorge Arruda, coordenador da rede Jurema de Pernambuco. “Ver Malunguinho na Sapucaí é grandioso. Nossa luta de 25 anos está sendo coroada”, celebrou.
Mangueira e a cultura bantu Encerrando a primeira noite de desfiles, a Estção Primeira de Mangueira levou à avenida o enredo À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões, exaltando a influência bantu na cultura brasileira. O desfile abordou desde a travessia atlântica até as manifestações culturais atuais, como o passinho, o samba e o funk. “Esse enredo traz nossa história e vivência”, destacou a passista Janaína Marques.
Avaliação e próximos desfiles Todas as escolas cumpriram o tempo máximo de 80 minutos, com a Mangueira finalizando em 79 minutos. O novo modelo de desfiles com quatro escolas por noite permitiu mais espaço para as apresentações. O resultado será divulgado na quarta-feira (5), quando a campeã será conhecida.
Nesta segunda-feira (3), desfilam Unidos da Tijuca, Beija-Flor de Nilópolis, Acadêmicos do Salgueiro e Unidos de Vila Isabel. Na terça-feira (4), é a vez de Mocidade Independente de Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Grande Rio e Portela.