Maricá lança Jornada de Alfabetização “Sim, Eu Posso!”
A Prefeitura de Maricá, por meio do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM) e da Secretaria de Economia Solidária, lançou nesta sexta-feira (20/01) a Jornada de Alfabetização “Sim, Eu Posso!”. O projeto tem o objetivo de erradicar o analfabetismo por meio da busca ativa de pessoas que ainda não saibam ler ou escrever na cidade. O evento aconteceu no Centro Educacional de Maricá Joana Benedicta Rangel, no Centro, e reuniu cerca de 800 pessoas.
As aulas serão iniciadas na próxima segunda-feira (23/01) para mais de 2.300 pessoas que foram cadastradas pelas equipes de busca nos quatro distritos. Os encontros, que terão duração de duas horas durante cinco dias na semana, acontecerão nas casas, garagens ou em locais que poderão ser adaptados. Os territórios de ensino foram pensados para evitar que a pessoa faça grandes deslocamentos. O programa conta com apoio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O vice-prefeito, Diego Zeidan, ressaltou que o projeto “Sim, Eu Posso!” tem o objetivo de zerar o analfabetismo na cidade e proporcionar empoderamento à população. “Esse é projeto extraordinário que mudará a vida das pessoas, que poderão aprender a ler e escrever, dando dignidade e empoderamento para a população que até hoje não teve a oportunidade de concluir seus estudos. A leitura é fundamental para que o cidadão se informe sobre os acontecimentos do país e para decidir o melhor para a sua vida”, disse Diego.
A formação tem duração de um ano e atenderá pessoas de, no mínimo, 15 anos, sem limite máximo de idade. O secretário de Economia Solidária, Adalton Mendonça, destacou o desejo de tornar a cidade como a primeira do Brasil a erradicar o analfabetismo. “Esse projeto representa um novo marco para a cidade, que é o combate ao analfabetismo. Quem ganha sempre é a população e a cidade. Nosso objetivo é que Maricá seja a primeira cidade do Brasil a entrar no mapa da erradicação do analfabetismo”, contou o secretário.
Gestor do projeto e chefe de gabinete do ICTIM, Carlos Senna, lembrou que foi a Cuba para conhecer o método “Maricá, como sempre, é pioneira em programas de inclusão social. O ‘Sim, eu posso’ trará oportunidade e inclusão a pessoas que não sabem ler e escrever até hoje. Fomos a Cuba conhecer o projeto”, acrescentou Senna.
O coordenador político pedagógico do programa pelo MST, Daniel Rodrigues, explicou como é aplicado o método aos alunos. “O método aplicado baseia-se na ligação de números com letras que contribui para facilitar o aprendizado e para que possam entender o conhecido com o desconhecido. Os números são conhecidos e as letras desconhecidas. Cada letra tem um número, do 1 ao 23, e essa letra é ensinada dia a dia. A experiência é muito eficaz”, completou.
Alunos estão empolgados com as aulas
A indígena Luciana Parapoty, 29 anos, da Aldeia Mata Verde Bonita, em São José do Imbassaí, é uma das alunas do projeto e tem o sonho de concluir os estudos. “Esse projeto é muito importante, ainda mais para a gente que é da aldeia. Eu nunca tive oportunidade de aprender, mas meu sonho é terminar os estudos”, disse Luciana.
Moradora de Ponta Negra, a aposentada Selma Oliveira, 67 anos, quer aprender para poder compartilhar o conhecimento. “Eu estudei até a quinta série, mas tive que parar aos 14 anos para trabalhar em casa de família para ajudar a minha mãe. Não quero ficar em casa à toa se eu posso colocar minha memória para funcionar. Hoje vou estudar, e amanhã vou poder ensinar a uma criança, por isso eu adorei o projeto”, destacou Selma.
O aposentado, Severino Rodrigues, 60 anos, contou que é analfabeto funcional e agora quer aprender a ler e escrever. “Eu parei de estudar na terceira série para trabalhar com 16 anos. Hoje, com 60, acredito que esse projeto vai me ajudar a escrever as palavras, pois eu só sei o meu nome, mas não sei ler. Vou junto com a minha esposa”, contou Severino.
Como funciona o projeto?
O “Sim, Eu Posso!”, é um projeto com método de alfabetização criado pelo Instituto de Pesquisa Latino-americano e Caribenho (IPLAC) que contempla, para seu eficiente desenvolvimento, as condições de vida das pessoas para alcançar o objetivo, que é erradicar o analfabetismo. Reconhecido internacionalmente, o método já alfabetizou quase 11 milhões de pessoas em mais de 30 países. No Brasil, mais de 100 mil pessoas têm sido alfabetizadas com este método, de acordo com acompanhamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).