quinta-feira, novembro 21, 2024
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Pacientes internados no Che melhoram sistema imunológico com socialização

A psicóloga Regina Célia de Paulo lembra que pelo fato do confinamento, apesar de terem TV nos quartos, é bom para eles interagirem com outras pessoas em um local diferente e a céu aberto. Foto Ana Paula Soares/Secom

A equipe de Psicologia do Hospital Municipal Dr.  Ernesto Che Guevara desenvolveu este ano o projeto ‘Passeio Solário’, uma oportunidade de pacientes internados se socializarem, além de proporcionar o contato com a natureza ao ver o céu e tomarem banho de sol. O momento acontece diariamente, às 14h, e as áreas envolvidas são: Médica, Enfermagem, Fisioterapia, Terapeuta Ocupacional e Serviço Social, além dos maqueiros que transportam o paciente de cadeira de rodas. Participam apenas pacientes que são liberados pelo corpo médico.

“Parece que não, mas uma ação pequena como essa já é uma vitória para quem está internada há dois meses, como é meu caso. É a primeira vez que saio do meu quarto e já estou me sentindo cansada, embora muito feliz por conseguir vir e ver essa rosa amarela”, diz a paciente Sandra Correa, de 55 anos, microempresária moradora de Maricá.

A secretária de Saúde, Simone Costa, lembra que a estrutura do hospital foi pensada também privilegiando esses espaços de cuidado, fortalecendo a humanização da assistência. “Desde o projeto estrutural do hospital, ainda na planta, sempre fizemos questão dessas áreas de solário, onde os colaboradores e os pacientes poderiam estar ao ar livre. A melhor parte é ouvir os depoimentos dos usuários”, ressalta.

A psicóloga Regina Célia de Paulo lembra que pelo fato do confinamento, apesar de terem TV nos quartos, é bom para eles interagirem com outras pessoas em um local diferente e a céu aberto.

“Essa conversa ou até mesmo essa companhia silenciosa com outra pessoa é importante, além do contato com a natureza, com o Sol. É gratificante demais ver o semblante deles quando chegam nesse espaço.  Ficam ansiosos porque estão há muito tempo sem ver a família. Quem participa tem elogiado bastante e ficamos muito felizes com esse retorno. Sem a cooperação de todas as equipes e da direção, o projeto não aconteceria”, diz Regina.

Para a responsável técnica de Fisioterapia do Che Guevara, Viviane Azevedo Marins, o projeto realmente contribui muito para a melhora do estado clínico do paciente.

“Nós da fisioterapia, no projeto, buscamos fazer alguns exercícios respiratórios, que têm um grande benefício em ser praticado ao ar livre e na posição sentada, onde podemos obter uma boa movimentação da caixa torácica proporcionando um exercício mais eficaz”, reflete Viviane Azevedo Marins.

A falta de luz natural por períodos prolongados provoca distúrbios psicossomáticos que prejudicam, por exemplo, a qualidade do sono, é o que explica a responsável técnica da Psicologia do Che Guevara, Jaqueline Alcantara.

“A presença da luz solar fortalece o sistema imunológico, ajuda na produção da vitamina D. entre outros benefícios. Hoje, a vitamina D é considerada o principal estimulador do sistema imunológico, podendo prevenir várias doenças e fortalecer o organismo. Nós percebemos melhora do humor, sono e funções cognitivas. A atividade auxilia o paciente em seu processo de adoecimento, visando a minimização do sofrimento provocado pela hospitalização”, explica Jaqueline.

Há a possibilidade de visita simultânea por três ou quatro pacientes, durante o período de 20 minutos, com atividades complementares como musicoterapia, contação de histórias, leitura de cartas de familiares, entre outras. O aposentado Fidelis Francisco Soares, de 64 anos, morador de Rio do Ouro, estava encantado com o calor do Sol e não queria sair de lá.

“Sinto falta da vida, é como se eu tivesse preso, mas estou aproveitando esse momento para exercitar minha paciência. Estou muito feliz por perceber que estou voltando ao meu estado de saúde, e à companhia da minha família em breve. Estou achando esse lugar incrível. Para mim, com toda fé do mundo, só gratidão. Como em toda instituição de saúde, acho que a gente, aqui dentro e lá fora, tem que se ajudar para ajudar o profissional que está aqui trabalhando. Vou sair mudado”, analisa Fidelis.