quarta-feira, abril 2, 2025
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Terceira noite de desfiles do Grupo Especial do Rio emociona o público na Sapucaí

A Portela prestou uma homenagem a Milton Nascimento, que desfilou na última alegoria da escola. Foto Tomaz Silva/Agência Brasil 

A última noite de desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro foi marcada pela emoção e por momentos inesquecíveis no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Ainda no esquenta, antes de iniciar seu desfile, o intérprete da Portela, Gilsinho, puxou “Maria, Maria”, de Milton Nascimento, sendo acompanhado por toda a plateia presente.

Portela homenageia Milton Nascimento

Com o enredo “Cantar será buscar o caminho que vai dar no Sol”, a Portela prestou uma homenagem a Milton Nascimento, que desfilou na última alegoria da escola. Durante sua passagem pela Sapucaí, na madrugada desta quarta-feira (5), o cantor foi ovacionado pelo público. O desfile, desenvolvido pelos carnavalescos André Rodrigues e Antonio Gonzaga, trouxe referências às canções e à trajetória do artista em fantasias e alegorias.

A escritora Conceição Evaristo, que participou do desfile, destacou a importância da homenagem. “Como mineira e contemporânea de Milton, me sinto emocionada. Ele é um marco do cancioneiro brasileiro”, afirmou. Ao final do desfile, o público seguiu a escola até a Praça da Apoteose, transformando o momento em uma grande celebração.

Milton Nascimento não concedeu entrevistas, mas seu filho, Augusto Nascimento, compartilhou um vídeo do pai emocionado enquanto aguardava para sair do carro alegórico. “Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Obrigado, Portela. Obrigado, todo mundo”, declarou o cantor em seu perfil no Instagram.

Mocidade celebra o futuro e presta homenagem

A Mocidade Independente de Padre Miguel abriu os desfiles da noite com o enredo “Voltando para o Futuro, Não Há Limites pra Sonhar”, trazendo uma abordagem futurista. O desfile também contou com uma homenagem à carnavalesca Márcia Lage, falecida em janeiro deste ano. Integrantes da escola vestiram camisas e balançaram bandeiras com a imagem da artista.

O carnavalesco Renato Lage explicou a proposta do desfile: “Pegamos o renascimento de uma estrela, que, coincidentemente, é o símbolo da Mocidade”. A comissão de frente, que misturava componentes e robôs humanoides, encantou o público. O coreógrafo Marcelo Misailidis destacou a inovação. “Buscamos dialogar com a tecnologia e a tradição do carnaval”, afirmou.

Paraíso do Tuiuti exalta Xica Manicongo

A Paraíso do Tuiuti levou para a Sapucaí o enredo “Quem tem medo de Xica Manicongo?”, retratando a história da primeira mulher trans do Brasil. A escola trouxe alegorias destacando a trajetória de Xica, que sofreu perseguições em Salvador.

A cantora trans Hud Burk, uma das quatro representações de Xica no desfile, destacou a importância da homenagem. “É um momento histórico para a comunidade trans. Xica abriu caminho para que estivéssemos aqui”, declarou. Apesar da correria para cumprir o tempo limite, o presidente da Tuiuti, Renato Thor, demonstrou confiança. “O nível do desfile foi alto e um ou dois décimos não vão ofuscar nossa mensagem”, afirmou.

Grande Rio celebra tradições amazônicas

A Grande Rio, campeã em 2022, apresentou o enredo “Pororocas Parawaras: as Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”, trazendo lendas e tradições dos terreiros de tambor de Mina da Amazônia paraense. O desfile começou impactante, com a representação das princesas Mariana, Herondina e Jarina, interpretadas por Fafá de Belém, Dira Paes e Naieme.

“Foi emocionante. O público cantando o samba foi inesquecível”, disse Fafá de Belém. O governador do Pará, Helder Barbalho, desfilou à frente da escola e celebrou a visibilidade do estado no carnaval. “Que o mundo conheça o Pará e a Amazônia”, declarou.

A terceira noite de desfiles encerrou a nova programação do Grupo Especial, que passou a contar com três noites de apresentações em vez de duas, uma inovação da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) para este carnaval./Agência Brasil