Uma voz feminina na Câmara dos Vereadores de Maricá
Sem uma representante mulher no plenário há mais de 21 anos, Maricá agora tem uma vereadora e o nome dela é Andrea Cunha(PT). Nascida e criada em Maricá, a nova voz feminina na Câmara Municipal assumiu o mandato no início de janeiro e ocupa uma das 17 cadeiras. Apesar de ser conhecida por defender causas das mulheres, da diversidade de gêneros, o principal objetivo da vereadora é governar para o povo, conhecendo as necessidades reais de cada região. A nova vereadora entra na suplência e a expectativa da população é grande com uma voz feminina no plenário. Afinal, Andrea atua em várias frentes políticas na região desde 2009 e é uma das fundadoras do PT em Maricá. Ela já foi secretária de Cultura, subsecretária de Educação e tem uma boa relação na política do município. Confira a entrevista para o Jornal Portal Lagos.
Quais são as suas prioridades em sua gestão como vereadora?
Na campanha eu trabalhei em cima das políticas públicas para as mulheres, cultura, diversidade, foi o perfil da minha vida, das relações dos lugares que eu ocupei enquanto gestora, mulher e cidadã. Além dessas, aqui a gente tem uma amplitude muito maior quando você se vê como vereadora. Primeira vereadora depois de 21 anos e dentro de uma cidade que hoje o governo é do PT, onde eu comecei, praticamente fundei o partido, e essas pautas das minorias a gente tem que levantar, acho importante. É muito mais voltado para o que o nosso partido sempre propôs para o Brasil e sempre fez, os trabalhos sociais.
Você sente uma responsabilidade maior no cargo por ser uma mulher na câmara depois de tantos anos?
Eu sinto porque eu vejo a expectativa do maricaense. Independente da mulher ou do homem que teve o seu candidato. Sinto a felicidade no olhar das pessoas. Quando eu entrei aqui e me apresentei, nossa, fui muito parabenizada. Realmente é uma expectativa muito grande.
Você acredita que estar envolvida com as causas da região facilita a gestão?
Vai, porque eu sou nascida e criada em Maricá e tem essa diferença quando você tem essa relação desde nova. Você está dentro do seu território, olho no olho você conhece as pessoas nas inter-relações. Eu sinto que vai facilitar, por ter passado pela secretaria de Cultura, pela secretaria de Educação e pelas relações do governo (municipal). E todas as secretarias que eu estou indo visitar, tô sendo muito bem recebida.
Venho conversando com os vereadores, sinto uma receptividade muito boa, mas eu sou a única mulher entre 16 homens.
Existe certo nervosismo com o novo cargo?
É uma coisa nova, então estou um pouco. Tenho reunião das mulheres de luta em Itaipuaçu, mulheres da Minha Casa Minha Vida, com os vários grupos diversificados, organizar conversa com artistas, moradores da periferia. Estou aberta a todas as conversas e buscando também. Eu vou ter um dia para atender as pessoas, a comunidade. Eu não quero ser uma vereadora de gabinete, eu quero ser uma vereadora do povo, da rua. O principal de tudo é saber o que realmente eles (o povo) querem e ouvi-los.
E como é sua relação com a comunidade?
Eu pontuei muito na minha campanha enquanto candidata, eu não me reduzo somente as minhas bandeiras. Quando você é vereador, você amplia pra outros segmentos. Aí vem a importância da gestão participativa. A conversa com a população. Da necessidade daquele bairro, daquele distrito. Então estou aberta, porque vão surgir várias demandas de diversos setores, diversos segmentos, para a gente estar ali atendendo a população, que seja na área urbana, saneamento, saúde, ou seja, outras áreas.
Qual a análise você faz da Câmara de Vereadores ficar tanto tempo sem uma voz feminina?
Hoje eu sou uma mulher vereadora depois de 21 anos, nós temos um governo progressista, mas tradicionalmente nós temos uma sociedade que ainda vota em homens, então você percebe porque são 21 anos. Entraram dois jovens, um jovem negro, isso é um avanço para o governo que pauta as classes das minorias. Acho que a partir dai a gente consiga avançar e abrir mais esse leque de possibilidades.